PPB de tablets: Abinee alerta para risco de monopólio em displays

Para Abinee, governo ousou ao incentivar a produção interna do componente, mas ainda terá de se preocupar em garantir a competitividade.

Para a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a portaria que estabeleceu o Processo Produtivo Básico (PPB) dos tablets está em linha com as reivindicações da entidade, mas adverte que governo terá de dar condições para que existam vários fornecedores de displays no País, dando opções de preço e variedade do componente aos fabricantes de tablets. Ao condicionar os incentivos fiscais para a fabricação dos tablets à nacionalização dos displays, governo precisa garantir incentivos também para a fabricação local do componente.

“A PPB segue a experiência de outras PPBs de produtos de informática, mas segue uma lógica mais agressiva na questão dos displays. É uma proposta mais ousada em relação ao adensamento da cadeia produtiva, na substituição de itens importados por fabricados internamente”, afirma o diretor de Informática da Abinee, Hugo Valério. “A única preocupação é que haja opção de compras de displays e a gente não fique refém de um único fornecedor. Tem de haver opções”, diz.

A Portaria Interministerial publicada hoje (01/06) definiu as taxas de nacionalização dos componentes dos tablets que serão fabricados por empresas beneficiadas por incentivos fiscais. No caso dos displays, a partir de janeiro de 2014 os fabricantes terão de internalizar 50% dos displays utilizados em seus produtos.

Segundo Valério, a Abinee acha positivo o  incentivo à indústria nacional e apoia o objetivo de promover a inclusão digital, mas o governo precisa ficar atendo aos “custos dos incentivos” para o País, caso não haja competitividade no fornecimento de componentes fabricados internamente. “É preciso atingir um ponto de equilíbrio e saber quanto custa para o País ter um incentivo. Nós queremos uma indústria nacional competitiva e para isso é preciso ter concorrência no fornecimento de displays. Com a competição teremos melhores preços e maior variedade do produto disponível internamente”, explica. Segundo ele, não faz sentido o País ter um display produzido no Brasil mais caro do que é encontrado no mercado internacional.

O executivo ressalta as dificuldades da indústria brasileira para competir com produtores de eletroeletrônicos no mundo, que atualmente estão concentrados na Ásia. "Há o custo Brasil. Temos uma infraestrutura acanhada em comparação aos países asiáticos e nossa mão de obra é mais cara."

Para Valério, os fabricantes de displays seriam atraídos para produzir no Brasil se tiverem os incentivos que o governo tem sinalizado para a Foxcomm. “Atualmente uma empresa está fazendo uma série de pedidos e o governo, ao que parece, deverá atender."

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