Governo usa Foxconn para atrair a ind�stria de displays para o Brasil

O governo publicou hoje (1? /06), as regras para a fabrica??o dos tablets no Brasil. O Processo Produtivo B?sico (PPB), como s?o conhecidas essas regras - definem prazos para as empresas nacionalizarem a produ??o. Pela portaria publicada pelo governo, ficou clara a inten??o de usar a Foxconn para obrigar os demais fabricantes a fazerem novos investimentos iguais dentro do pa?s.

A ind?stria local n?o poder? reclamar que o governo n?o deu um prazo suficiente para que tomem a sua decis?o. Antes dos pr?ximos tr?s anos todos estar?o concorrendo em p? de igualdade nas vendas dentro do Brasil.

Ser? a partir de 31 de dezembro de 2013 que a coisa mudar? de figura. O diferencial come?ar? a surgir na quest?o da nacionaliza??o dos displays, as telas que ir?o compor os tablets vendidos no Brasil.

Na portaria de hoje, o governo definiu que at? 31 de dezembro de 2013 as empresas est?o dispensadas de montarem no Brasil as telas desses equipamentos, sejam de cristal l?quido, plasma ou "outras tecnologias". Inclusive "com a estrutura de fixa??o e com dispositivo sens?vel ao toque".

Por?m, a partir de janeiro de 2014, as empresas come?ar?o a internar parte da produ??o dessas telas, num percentual m?nimo de 50%. Baseado nesta decis?o, deduz-se duas quest?es fundamentais para o Brasil.

A primeira ? que a nova f?brica da Foxconn prometida ao governo durante a viagem da presidenta Dilma Rousseff ? China, n?o ser? voltada simplesmente para a montagem dos tablets da Apple. Ela tamb?m ter? uma unidade de fabrica??o de displays. At? agora a Foxconn foi ?nica empresa que j? anunciou ao governo que ir? 'produzir' esse componente no Brasil.

Os chineses j? declararam ao governo que t?m inten??o de iniciar as opera??es no Brasil no segundo semestre deste ano. Como agora o prazo fixado para a nacionaliza??o de parte da produ??o das telas ficou para o final de 2013, h? tempo suficiente tanto para os chineses ajustarem seu cronograma, quanto para  os seus concorrentes decidirem o que fazer com a produ??o desse componente - fundamental ao tablet - no Brasil.

Ao todo 11 empresas pediram ao MCT credenciamento para recebimento do PPB para montagem de tablets. S? que pela regra anunciada hoje pelo governo, em janeiro de 2014 elas ter?o que tamb?m come?ar a internar no m?nimo 50% da produ??o das telas no Brasil.

Isso significa que, aqueles que n?o iniciarem at? l? a produ??o de pelo menos 50% das telas, ser?o obrigados a comprar diretamente da f?brica brasileira da Foxconn a metade desses componentes para a montagens dos seus tablets.

A outra alternativa seria terceirizar para a fanbricante chinesa a sua produ??o, ou importar o equipamento completo. S? que pagando muito mais caro os impostos, porque perder?o todos os incentivos fiscais previstos para esse tipo de equipamento.

O problema ? ainda maior, porque o governo deixou uma porta aberta para revisar - se quiser para cima - esse percentual de 50% de produ??o local das telas para os tablets. No par?grafo 5? da portaria, o governo informa que: "O prazo concedido (...) poder? ser reavaliado, buscando-se compatibilizar o Processo Produtivo B?sico com a efetiva oferta nacional e a pol?tica governamental de apoio e atra??o de ind?strias de componentes no Pa?s".

Para bom entendedor, o governo avisa que s? ir? esperar que a Foxconn informe que j? est? capacitada a atender toda a demanda nacional por telas sens?veis ao toque para serem introduzidas nesses equipamentos, para elevar ainda mais o percentual do ?ndice de nacionaliza??o.

Neste caso, se nenhum concorrente se movimentar, a Apple sair? ganhando em pre?o no mercado local, porque apostou num modelo de neg?cio que privilegia a nacionaliza??o do equipamentol. N?o trouxe apenas uma mera montadora de tablets. E ter? possibilidade de tamb?m vender seus equipamentos em todos os pa?ses parceiros do Mercosul em condi??es de pre?os bem mais favor?veis do que os praticados pelos seus concorrentes.

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